É
bastante comum na clínica veterinária, que o proprietário/tutor de um animalzinho que recebeu indicação de algum procedimento cirúrgico, utilize apenas o
orçamento para autorizar ou não a realização do tratamento.
O orçamento de qualquer procedimento intervencionista deve ser sim considerado e estudado, mas existem fatores EXTREMAMENTE IMPORTANTES que devem ser lembrados pois estes sim, podem determinar o sucesso ou falha do tratamento, incluindo a morte do paciente.
A anestesia é um procedimento meticuloso que deve ser indicado com cautela para qualquer paciente (novo, idoso, saudável, doente, etc.). O anestesiologista/anestesista é o profissional que escolhe e monta o melhor protocolo anestésico para cada paciente após avaliar os exames laboratoriais e clínico.
Utilizamos o texto postado no jornal Estadão, sobre o descaso dos pacientes com o tipo e risco da anestesia, quando procuram procedimentos plásticos. O mesmo é válido para a medicina veterinária!!!
Por isso, sempre que seu animalzinho necessitar de qualquer procedimento em que tenha que ser sedado e/ou anestesiado, converse com o médico veterinário, inclusive com o anestesista a fim de conhecer a segurança e risco do procedimento.
Lembre-se que as vezes, o barato sai caro!
Pacientes de cirurgia plástica ignoram importância do tipo de anestesia
A maioria dos pacientes de uma cirurgia plástica se preocupa sempre com
preço, às vezes com expertise do médico e quase nunca com a anestesia.
Se o que determina o sucesso do procedimento do ponto de vista estético é
a habilidade do cirurgião, cabe ao anestesista - ou anestesiologista,
como eles preferem ser chamados - a tarefa mais importante: fazer com
que o paciente saia, além de mais bonito, vivo da mesa de operação.
"Um minuto sem oxigênio pode significar uma lesão cerebral. O
anestesiologista precisa ser bom", diz Irimar de Paula Posso, de 67
anos, professor de Anestesia da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo.
Uma das formas que o mercado usa para enxugar o custo é eliminar etapas
importantes da avaliação médica, como a consulta com o anestesista,
profissional que o paciente normalmente encontra só na mesa de cirurgia.
"Estou cansado de ouvir casos de pacientes que morrem na mesa de
operação. Toda cirurgia tem um risco, mas quando o procedimento é muito
barato, alguma coisa foi deixada de lado", diz Posso.
Quando não existe uma consulta, as doses dos anestésicos são calculadas
de acordo com as características da média da população brasileira. "Mas
as pessoas são diferentes. Sabendo mais sobre o paciente, o médico pode
fazer combinados personalizados que aumentem o bem-estar e diminuam os
efeitos colaterais das drogas", acrescenta.
Menor custo. Outra estratégia para diminuir o preço da cirurgia é acenar
com técnicas que parecem ser pouco agressivas. Usar anestesia local
para realizar uma lipoaspiração, por exemplo, pode parecer mais simples
do que se feita com peridural ou geral (veja quadro com os tipos de
anestesia). Não é bem assim.
"Quando se faz procedimentos longos, em áreas extensas do corpo, com
anestesia local, podem surgir complicações", diz o presidente da
Sociedade Brasileira de Anestesiologia, Carlos Eduardo Lopes Nunes. "Se a
cirurgia demora, será preciso reaplicar a anestesia e haverá risco de
intoxicação do paciente. Em vez de assumir que é uma cirurgia e tratar
como tal, está se minimizando o procedimento. E muitos optam por isso
para gastar menos."
Natale Gontijo, cirurgiã assistente da equipe de Ivo Pitanguy, usa a
local para cirurgias de pequeno porte, com menos de uma hora de duração.
"Mesmo assim, deve ter um anestesista na sala."
Procedimentos cirúrgicos, por mais simples que pareçam, não podem ser
realizados em consultórios. "Cirurgia plástica deve ser feita em uma
clínica com recursos hospitalares", diz o plástico Luis Paulo Barbosa,
dono do Centro Paulista de Cirurgia, que tem 11 leitos e faz 400
operações estéticas por ano. O local tem de estar equipado para
emergência. Paradas cardíacas e outras reações adversas podem acontecer e
o local tem de estar preparado para isso.
"Já soube de casos de pacientes que fizeram lipoaspiração, com anestesia
local, num consultório. E o paciente ficou todo o procedimento em pé."
Barbosa explica que o cirurgião achou que o resultado final poderia ser
melhor do que se fosse feito na horizontal, numa maca. "Dá para imaginar
o sofrimento e o desconforto do paciente."
Sequelas. Além de professor de Medicina, Posso também é advogado,
especialista em defender colegas processados por pacientes com sequelas
pós-operatórias. "Tenho três casos em que os pacientes ficaram com
problema de locomoção depois da peridural. Uma ficou paralítica", conta.
"Um em cada 15 mil pacientes que recebem peridural pode ter algum tipo
de sequela neurológica." Nos Estados Unidos, usa-se a anestesia geral
para turbinar as mamas. "Isso porque os processos médicos são frequentes
e caros", relata.
Vaidosa, a fazendeira Graça Lemos de Lemos passou há 20 dias por uma
troca de prótese de mama. Foi operada com anestesia geral. "Tive uma
parada cardiorrespiratória quando nasceu meu segundo filho", explica.
"Foi horrível. Estava consciente, brigava para respirar, até que
apaguei. Acordei com o médico em cima de mim, fazendo massagem cardíaca
para me ressuscitar. Desde então, só opero com geral."
A segurança da técnica está no fato de o paciente já estar entubado. "No
caso de uma parada cardiorrespiratória, ele corre menos risco de ficar
sem oxigênio e sofrer alguma lesão cerebral por conta disso", diz o
anestesiologista Danilo Petrillo. "Você não perde tempo em entubá-lo."
Num caso de emergência, os médicos correm contra o relógio.
No Brasil, a maioria das clínicas prefere aplicar a peridural em
cirurgias de implante de prótese de mama. Vale destacar que ela é, em
média, 40% mais barata que a geral. Mas não é só uma questão de preço.
Há médicos que preferem a peridural à geral. É o caso de Barbosa, por
exemplo. "Nunca tive problemas com a peridural. Além disso, é uma
técnica com vantagens. Em procedimentos da cintura para cima, causa
menor sangramento que a geral."
Apesar de conhecer as vantagens da peridural, Natale, da equipe de
Pitanguy, fica com a geral. " Se tiver qualquer problema durante a
peridural, o anestesiologista vai ter de reverter para geral, para poder
controlar melhor", explica. "Eu não usaria peridural na minha mãe, por
que usaria no paciente?"
Fonte:
O Estado de S.Paulo
27 de junho de 2010 | 0h 00
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